segunda-feira

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver,
acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao
mundo e maior amor ao coração dos homens."

Fernando Pessoa, em "O Eu Profundo"

sexta-feira

contadores de histórias

Bou-bos contar uma histórias
Nela haveis de acreditar
Tenho ouvido tanta coisa
Nem sei como começar


ANIÑANDO


"Lo que más me importa en este mundo es el proceso de la creación. Que clase de misterio es ése que hace que el simple deseo de contar historias se convierta en una pasión, que un ser humano sea capaz de morir por ella; morir de hambre, frío, o lo que sea, con tal de hacer una cosa que no se puede ver ni tocar y que, al fín y al cabo, si bien se mira, no sirve para nada?"


Gabriel García Márquez


A EQUIPA

Mireia Scatti, Rita Rodrigues e Sofia Cabrita texto; Sofia Cabrita concepção e encenação; Matteo Destro máscaras; Mireia Scatti e Rita Rodrigues/Ana Sofia Paiva interpretação; Sara Franqueira concepção plástica; Paulo Santos desenho de luz; Ana Castanho Imagem Cartaz; António Cabrita vídeo promocional; Eurico Machado arranjo musical vídeo; Teresa Pombo produtora delegada; Carolina Marcolla directora de produção TEATRO EM BRANCO



Passagem de Testemunho



Rosalinas
, Setembro de 2007.


Rosalina Esteves do Seixal


(...) desde que a minha prima Rosalina de Lisboa me pediu para tomar conta da Monserrat que a minha vida mudou quase da água para o vinho, não haja dúvida. Ando diferente, não sei. Deve ser das saudades. (...) Onde é que eu ia? Ah, sim, a minha prima Rosalina, é isso! Pois, somos muito chegadas, e quando ela me pediu o favor de cuidar da Monserrat não pensei duas vezes. Não percebo é porque é que dizem essa coisa de nós termos um feitio muito diferente. Eu não acho nada, até fisicamente e tudo, somos iguaizinhas, filha, não vejo diferença nenhuma. A minha prima é tão calma, tão elegante, tão bonita! Eu não desfazendo também não estou nada mal. Ela foi sempre foi muito bonita, isso é verdade. E as fotografias que me enviava lá da Espanha, dela e da Monserrat, todas aperaltadas! Aquilo é que foi uma vida! Eram as duas bem bonitas, não haja dúvida. Espaviladas, como ela gosta de dizer! Mas onde é que e ia?... Ah, sim. Não acho nada que eu seja assim tão diferente da minha prima. Pronto, sou da outra banda, tenho assim um feitio mais arejado, mas também sou muito calma, não parece mas sou, e até tenho muita paciência, a sua tia Monserrat é que valha-me Deus, espreme a cabeça a um santo, de teimosa que é. Tenho muitas saudadinhas. (...)

Rosalina Esteves do Seixal

segunda-feira

Memórias de Antanho


caminhar em frente



sempre em frente










não posso adiantar palavras



apenas somar aqui momentos e pessoas

na certeza de que me faltam ainda rostos que somar




o regresso é inevitável

a Lua já vai alta
certamente já iniciou uma nova caminhada


memórias de uma serra que me tem cativa

"e pois nela vivo,
é força que viva."

quinta-feira

A Viagem de Chihiro



Always With Me

Somewhere, a voice calls,
in the depths of my heart
May I always be dreaming,
the dreams that move my heart

So many tears of sadness,
uncountable through and through
I know on the other side of them I'll find you

Everytime we fall down to the ground
we look up to the blue sky above

We wake to it's blueness, as for the first time

Though the road is long and lonely
and the end far away, out of sight

I can with these two arms embrace the light

As I bid farewell my heart stops, in tenderness I feel
My silent empty body begins to listen to what is real

The wonder of living, the wonder of dying
The wind, town, and flowers, we all dance one unity

Somewhere a voice calls in the depths of my heart
keep dreaming your dreams, don't ever let them part

Why speak of all your sadness
or of life's painfull woes
Instead let the same lips sing a gentle song for you

The whispering voice, we never want to forget,
in each passing memory always there to guide you

When a miror has been broken,
shattered pieces scattered on the ground
Glimpses of new life, reflected all around

Window of beginning, stillness, new light of the dawn
Let my silent, empty body be filled and reborn

No need to search outside, nor sail across the sea
Cause here shining inside me,
it's right here inside me

I've found a brightness, it's always with me

Yumi Kimura
in Spirited Away ou A Viagem de Chihiro

quarta-feira

A Noite na Ilha


Dormi contigo toda a noite
junto ao mar, na ilha.
Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.

Os nossos sonos uniram-se
talvez muito tarde
no alto ou no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento agita
em baixo como vermelhas raízes que se tocam.

O teu sono separou-se
talvez do meu
e andava à minha procura
pelo mar escuro
como dantes,
quando ainda não existias,
quando sem te avistar
naveguei a teu lado
e os teus olhos buscavam
o que agora
- pão, vinho, amor e cólera -
te dou às mãos cheias,
porque tu és a taça
que esperava os dons da minha vida.

Dormi contigo
toda a noite enquanto
a terra escura gira
com os vivos e os mortos,
e ao acordar de repente
no meio da sombra
o meu braço cingia a tua cintura.
Nem a noite nem o sono
puderam separar-nos.

Dormi contigo
e, ao acordar, tua boca,
saída do teu sono,
trouxe-me o sabor da terra,
da água do mar, das algas,
do âmago da tua vida,
e recebi teu beijo,
molhado pela aurora,
como se me viesse
do mar que nos cerca.

Pablo Neruda

O Mergulho

Só te pedi que mergulhasses comigo,
que me levasses a mergulhar, só uma vez.

Naquele dia, agarrei-me toda à bainha da tua pele, ensopada. Eu sabia que era só uma questão de tempo mas eu não tinha muito e sempre fui ansiosa. O puto andava aos canivetes, latindo num corropio, já não podias com ele, interrompia-te, rasgava-te a sombra. A maré estava cheia, a praia estava cheia, os barcos cheios na lota, mas eu não me importava com nada, para mim só existia eu naquele dia, eu e o mergulho, o mergulho, vá lá, o mergulho, só um mergulho, o mergulho que te pedi. Todo o dia nisto. "Larga-me, rapaz", dizias ao puto, e eu apertava com mais força, o puto arfava e eu apertava com mais força, com a vida toda, com a mão toda a abocanhar-te a cintura, leva-me contigo, leva-me, leva-me…

Mas tu foste. Foste sem o puto. Foste sem mim. Arremessaste o meu sonho contra as gaivotas como quem diz “mais vale ires com os pássaros, o mar não é para ti”, e foste. Nunca mais voltaste. Não olhaste para trás, como nos filmes, nem procuraste por nós quando a praia ficou deserta, quando a maré vazou e os barcos desovaram. Foste. Foste todo de uma vez, como um balão que implodisse, engolido por um abismo de ar. Eu sabia. Sabia que se te largasse a flanela te sumirias para sempre. Vi a expressão roxa do sal a consumir-te aos solavancos, como se o mar inteiro fosse um tractor que te arrastasse pelos cabelos, fazendo espuma da minha raiva. Raiva por me teres deixado em terra, por me teres largado aos pássaros, por nunca antes um mergulho contigo poder ter sido quase e naquele dia tão pouco. Eu sei que voltarás para cumprir a promessa que não me chegaste a fazer mas que o mar te fará cumprir. Só te pedi que mergulhasses comigo, que me levasses a mergulhar, só uma vez. Só um mergulho. Um só. O único que te pedi. As gaivotas agoiram-me na praia mas eu já não lhes dou conversa. O puto fez-se aos pesacadores e já não mora cá. Eu fico à tua espera. O mar é justo, ele há-de lembrar-se de mim. Havemos de mergulhar, eu sei que sim. Saímos de ti, a ti voltaremos. É tudo uma questão de tempo.

Abaixo Justificado


Enquanto não chegam as fotografias das viagens – porque tão cedo não as conseguirei organizar, porque tão cedo não deixará de ser já muito tarde antes de me pôr a caminho e porque tão cedo não vislumbro querer saber de ter ou não ter tempo – vou viajando por mim adentro, que é o que se deve fazer quando se está a caminho de algum lugar, de regresso ou de partida. Obrigada.



Lagarto Pintado


Ameiva




Lagarto Pintado
Quem te pintou
Foi uma velha que por aqui passou
No tempo da eira
Fazia poeira
Puxa Lagarto por esta orelha


terça-feira

Mononoke


ainda não fui, mas vou
vou
preparei a vida com o cuidado apressado
que me é habitual
não demoli paredes
como antigamente
não cavei poços
para achar caminhos

hoje
só reconheço um caminho
sem dúvida
e todas as casas
estão sob a minha protecção
uso a fé como um punhal
e o escuro não me mete medo

vou
uma nova tinta (merecida)
e um país qualquer
um país de chegada
uma partida que se dilui
tonta
que não se distingue das outras
senão pela ânsia alegre
que comprime o ar

amanhã
quero ser um animal faminto
grato pela chuva
numa terra por nascer




San, a Princesa Mononoke

Baloiço Vazio


Amarrado ao meu vestido
Cravado como uma espada
Nas minhas paredes de carne
Cavalgas no meu coração
Como um bruto
Não tens dó de mim
Nem poderias
És demasiado veloz
Para ser travado
Por uma asfixia qualquer




todas as mulheres têm um baloiço vazio nas suas vidas


- disse a cigana que me roubou a mão numa viagem qualquer -



domingo

Na estrada, inadaptada...




Gay: What makes you so sad? You're the saddest girl I ever met.

Roslyn
: You're the first man who's ever said that.
I'm usually told how happy I am.


Gay
: That's because you make a man feel happy.



[
He tries to kiss her, but she demures]



Roslyn
: I don't feel that way about you, Gay.


Gay
: Don't get discouraged girl, you might.


[
Last lines]


Roslyn:
Which way is home?

Gay: God bless you girl.


Roslyn:
How do you find your way back in the dark?


Gay:
Just head for that big star straight on.
The highway's under it. It'll take us right home.





The Misfits, John Huston, 1961

Mano e as viagens à Fonte-da-Telha


Contigo

As viagens eram todas nossas
Todas elas
As viagens de carro até à praia
As viagens no escuro do quarto
Areia na boca até ao coração
Entre a parede e a cama
Entre a janela e a cesta
Nos intervalos dos bancos
Das refeições
Das coisas
Nos intervalos das palavras
Dos outros
Dos silêncios
Nas gargalhadas
No choro de animais
Na música
Contigo
Tudo fazia sentido
Tudo era um conforto
De rir até doer a barriga
Tudo
Tudo
Era um milagre nosso



Com esse chapéu fazes-me lembrar
Ameixas
na Fonte-da-Telha

Fins de tarde
com as costas a arder


sexta-feira

Pinóquio: Boneco ou Rapaz?



Paula Rego

The Blue Fairy Whispers to Pinocchio

1996
Pastel sobre madeira
170 x 150 cm


"Se o boneco se portar bem tornar-se-á um rapaz verdadeiro. Esta é a promessa da Fada Azul. No quadro, Pinóquio é já um rapaz de carne e osso, deve ter-se comportado realmente bem para o ter merecido. Mas não parece feliz. Nu, as mãos atrás das costas, está hirto defronte a uma fada que entretanto já não é aquela sedutora menina que lhe apareceu quando ele ainda era de madeira. A fada é velha, com o dedo grande do pé valgo e deformado que certamente a faz caminhar com dificuldade. Talvez não seja já a fada daqueles tempos passados, talvez seja uma bruxa que matou a verdadeira fada para depois se divertir com as suas promessas.

O rosto próximo de Pinóquio parece dizer-lhe: «Como queres que valham as promessas feitas a um boneco?» A bruxa está ali para negar todas as promessas feitas pela antiga fada. Não serve de nada comportar-se se o Bem não domina o mundo. Que o aprenda rapidamente o recém-rapaz. As promessas feitas pela fada não mais poderão ser cumpridas. Adquirir um corpo verdadeiro não lhe servirá certamente para ser feliz: no que acreditava Pinóquio? O corpo foi-lhe dado apenas para que conhecesse a grande dor. Terá saudades do tempo em que era apenas uma marioneta, é para isto que lhe servirá o tempo da sua vida."

Romana Petri

AXIAL do Brasil



Felipe Julian . Sandra Ximenez . Leo Munizco



"O Axial lançou um dos discos mais belos e “transculturais” da história recente da música brasileira. Vodu do Haiti, coco da Paraíba, orikis do candomblé da Bahia e baião das princesas do Maranhão se encontram com as técnicas eletroacústicas de organização sonora e o resultado é de uma delicadeza comovente. O disco todo pode ser baixado, com licença Creative Commons, em www.axialvirtual.com. Quem estiver precisando de uma reza diferente que vá direto escutar Torre das Mercês, ainda mais singela pois cantada com sotaque bem paulistano."
Hermano Vianna





"Repertório popular tradicional e elementos da música eletroacústica. Criação de atmosferas em torno do afrobrasileiro. Raio X de canções memoráveis. Coco, Baião de Princesas, reisado em investigações contemporâneas. Música tradicional e tecnologia."

Julio de Paula


http://www.axialvirtual.com/

http://www.youtube.com/watch?v=hNcG5HJYEkQ

Feijoada e caipirinha de pinga - diário


"Projecto: ir em busca de mim (você) em andamento."

"Hoje comecei o processo de criar uma célula de movimento para te curar, e eu tenho a certeza que vai dar certo."

As coisas quotidianas da vida quotidiana são as células de movimento dos meus mapas.
As viagens começam e acabam nos registos quase irrepetíveis em que as transformamos,
no corpo e na matéria, na lembrança ou nos sentidos.
Para mim, mais do que fotografias, ficam-me sabores, e cheiros, e sensações na pele.
Lembras-te daquele dia em que voámos sem ninguém dar conta e fomos aterrar na areia? Cheirava a jasmim.
A eternidade foi tão tangível como a humidade nas costas.











«Se você é um médico, um comerciante, um advogado, então dorme, dorme o sono dos justos, dorme o sono dos que estão cansados. Mas se você diz e ousa ser um amante, como consegue dormir antes de estar em sua sepultura? Como pode o amor dormir? Que verdadeiro amante teria sossego antes de estar nos braços de sua amada?»
Léo Lama

Há vida depois do Brasil?


Diário Interrompido de um Brasil Póstumo


Jasmim-Manga



Nesta vida não há certezas

Não pode haver

Minha alma perdeu de vista

A estrela guia

Se já viajei ao futuro

Se o mundo já me deu voltas

Não creio mais em linhas rectas

Tudo é espiral

Tudo é eterno

Amor é encontro

E desapego

Não temo perder o chão

Porque nele não creio

Hoje

Sou anti-geografia

Agosto 2005


Praia de Santos

Cavalos-Marinhos


Quando era miúda lembro-me de sonhar com cavalos-marinhos.

Eu ainda não sabia o que eram, mas o Sérgio – um amigo da escola que tinha sempre as unhas sujas e sal no canto da boca, que morava na praia da Barroca, que era filho de pescador, que tinha o hábito de assustar as meninas com minhocas escondidas no estojo – um dia ofereceu-me um cavalo-marinho muito pequenino, todo seco. Veio ter comigo e disse-me assim: toma lá, é para ti, foi o meu pai que apanhou. Guardei-o com muito cuidado na mochila. O cheiro ainda lá ficou por muito tempo. A partir desse dia passei a sonhar frequentemente com cavalos-marinhos.



Quando fui a Cabo Verde vi estrelas-do-mar, daquelas fluorescentes (também as há), vermelho vivo! Em Cabo Verde o mar é soberano, é sem fim, sem descrição. Vi corais. Vi tartarugas a desovar, noite escura, à lua cheia. Mas não vi nenhum cavalo-marinho.

Eu sei que um dia ainda me hás-de levar a mergulhar. Fico à espera. Deixa recado se eu não responder, não desistas logo à primeira. Havemos de ir ver os tubarões e as baleias, as focas a deslizarem de costas; havemos de ir à Antárctica ver os glaciares e os pinguins. Eu espero. Eu acredito. Eu não tenho medo.
Quem é que quer o oceano sem o rugido terrível das águas?


Memórias são Viagens



As casas e os lugares ilhados da minha memória cheiram a laranjas, ao pó das laranjas ao sol. O meu avô cheirava a tinta estalada e quando chegava e pousava a boina atrás da porta, eu sabia que era feliz. Durante o dia, se me deixava ir com ele, punha-me a brincar com a serradura. Eu cheirava a felicidade do cachaço do meu avô, aquele perfume eléctrico dos bonecos que ele pintava.


Naquele tempo, os cheiros assinalavam-se nos mapas porque indicavam caminhos. A casa cheirava a flores secas e a trapos. O pátio cheirava a sardinheiras. O meu pai cheirava a pele esticada, a minha avó cheirava a leite morno. A minha mãe cheirava a figos.
Os cheiros da minha mãe – uma mãe que não sente cheiro – são a rosa-dos-ventos do meu mapa.
As minhas memórias são bolos salgados com fruta por dentro, mordiscados pelos gatos. Enquanto houver sementes que se possam plantar e cal para adoçar paredes, não faltarão mães a cheirar a figos, avós a cheirar a leite, a bonecos de madeira. Marias que nos levem pela mão.

Vou desembrulhar o coração
e fazer dele um mapa,

daqueles que se dobram
para a gente levar no bolso.

quinta-feira

Indo eu... Indo eu...

Ponho o pé na estrada. Ponho o pé na vida. O meu caminho é a vontade de caminhar. A toda a hora acabei de pousar as malas que acabei por não desfazer. Anda sempre aqui comigo um fervedouro, um formigueiro, uma espécie de inquietação dentro. Imaginar que o mundo é grande demais para uma vida só dá-me falta de ar.

Estou de partida para norte, – espero reconhecê-lo um dia – algures para um ninho de antanho, na Serra do Montemuro. Mando notícias de lá. Ou então só quando já estiver a cartografar na pele o próximo mapa, de regresso a casa. Porque eu deixo sempre uma casa para onde regressar. Desafiar a liberdade, sim, mas em mergulho profissional!

Diz-me a enciclopédia que existem três tipos de mergulho, o mergulho livre – em apnéia – o mergulho autónomo – onde se usa um cilindro com ar comprimido ou outra mistura gasosa – e o mergulho dependente – onde a alimentação de ar se mantém na superfície.

Pois eu, que sempre quis fazer mergulho e nunca me deixaram por causa da falta de ar, pratico mergulho dependente quando viajo. A minha casa alimenta-me. A minha casa são os meus pulmões. Estou sempre a ir, mas nunca me afasto muito. E se tenho falta de ar é porque sou demasiado ansiosa.

Diz-me outra vez a enciclopédia que a asma é uma doença que se caracteriza por crises de falta de ar, ocorrendo dificuldade na entrada de ar nos pulmões e, principalmente, na sua saída. Digo eu, a causa é essa - exactamente - a ansiedade. Como quero sempre tudo-muito-agora, absorvo demasiado ar. A asma é só um desafio no processo da minha viagem, uma tendência que tenho de aprender a controlar.

Faço as malas e penso para comigo: “Tenho de ir atrás de mim, aonde eu estiver.” Fiz este pacto contigo quando te reconheci - porque a alma-gémea a gente não encontra, a gente reconhece! - “ir sempre atrás de mim aonde eu estiver.” E então vou. E vou sempre para sempre, mas sempre por pouco tempo.

la Cigarra y la Hormiga em solo sul-americano!



«La Hormiga y La Cigarra, de Luísa Ducla Soares y bajo la dirección de Sofia Cabrita, es un breve relato ajeno a los escenarios y personajes habituales. Aunque su comienzo y en general, el tono mantenido durante la narración es sutilmente irónico, su directora se deja llevar paulatinamente por las acciones de sus criaturas que acaban revestidas de idéntica grandeza a los contemporáneos de otros montajes infantiles.»



«Una pareja de comediantes interpretan a dos trovadores:
Armanda y Valentín,
quienes viajan por todo el mundo contando esta conocida leyenda.»





«El gran acierto de este montaje, es que abiertamente estriba en, que éstos dos artistas hacen teatro, convencidos de su vigencia y su validez, sintiéndolo, viviéndolo y gozándolo como genuinos artistas, gracias a la calidad interpretativa de los actores Ana Sofia Paiva y Pedro Luzindro.»



« ... Quisiera compartir más arte con ustedes...
Más teatro vivido y por vivir...
»

Rafa



«Les quiero a cada uno y una de ustedes
de manera unica e irrepetible...»


Rafa